Soneto do Amor Eterno

Vem! Dá-me o teu feitiço como o faz a noite.

Traz o teu silêncio, o teu segredo, a tua reza.

Apossa do meu corpo. Ele é tua consistência.

Faz-me teu rumo, tua garra, tua grandeza.

Baila em meu corpo tuas bocas mais famintas.

Beba do meu sangue e cicatriza tuas feridas.

Conta-me tuas lidas, tuas buscas, teus encantos,

E crava tuas unhas em minha carne como dono.

Abra minha prisão, mas libera teus demônios

deixa que eles aticem o meu lado mais profano.

E eu te darei meu âmago de fogo sempre ardente,

meus suores, minhas loucuras, meus repentes.

Vem! Farei do teu corpo minha morada e meu manto.

Vem! Para que eu possa te amar eternamente.