DA  TUA  BOCA
© Lílian Maial 


Da tua boca, vem silêncio e medo,
Cicuta, que envenena o paladar
Das letras, que me acordam logo cedo,
Trazendo os mesmos sumos do jantar.

Da tua boca, eu quero um arvoredo,
Com ventos de saliva a sussurrar.
Dos galhos, tuas mãos, feito um brinquedo,
Meu corpo todo, em versos, semear.

Mas tua boca sela de mentira,
E encerra, como a minha, sem que fira,
Um gosto de saudade e pão de queijo.

Aguardo calmamente outros outonos,
Pois sei que a longa espera vale o bônus
Do céu da tua boca em novo beijo!

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