CÁLICE DE SONHOS

Tenho na alma um resquício de canto,

Tão breve, de sonoridade inexata

Que este laço que me ata e não desata,

Deixa um misto de cantar e desencanto;

E a luz do êxtase que meu vulto espelha,

Sorvo meio cálice de tinto vinho

E sobre a mesa coberta de linho,

Escorre um fio de lágrima vermelha...

Não há luz, sons de cântico, não há nada!

Apenas ruídos descendo a escada

Dos meus sonhos irreais, consumidos...

Num gesto triste, acendo a vela do desejo

E os personagens do sonho que eu vejo,

São vultos de fantasmas destemidos!