Os beijos das aves
Beijam-se os pombos amiúde,
nos postes,nos ramos, nos beirais
e, vendo-os nessa terna atitude,
invejo-lhes os enlevos tão leais.
Cantam rouxinóis o seu prélude,
promessas de amor sempre fatais,
igualam a Chopin em beatitude,
as românticas melodias dos pardais.
Preferidos filhos da Natureza,
na cor, na graça e na beleza,
parecem reunir a perfeição.
E todavia são como tu e eu,
pequenas almas voando lá no céu,
enquanto as penas se arrastam pelo chão.
(1999)