Soneto XXXI - Soneto à puta triste

Bem vindo ao ultimo sacramento libertino

À extrema-unção d'uma puta triste, que sorri

um sorriso amarelo medonho que jamais vi

desde que ela entregou à cama o seu destino

num cubículo, no chão em um colchão fino

Helena, com uma expressão lúgubre, jazia ali

em suas mãos, os versos que um dia escrevi

declarando-lhe meus amores de menino

Ela tinha os olhos baços e quase sem vida

olhava-me como se já estivesse de partida

enquanto chamava meu nome em seu delírio

Alí estava meu primeiro amor, Helena, a vendida

esperando a morte por fim ao seu martírio

e eu, ao seu lado, aguardando seu ultimo suspiro