Velório do poeta
Estão me velando na sala ao lado
Sinto daqui o cheiro da parafina
A benzer o epilogo de minha sina
Antes de poder ser sepultado.
Pessoas ao redor vêm-me e se vão
Questionam o frio corpo estático
Que restou do pobre poeta asmático
Embelezado de flores na moldura do caixão
Logo seguirei-me em cortejo funeral
Mas por enquanto quero apenas ser velado
E ver a vida deitado na minha morte
Quem sabe fazer um ultimo verso e mal
Dizer todos os papa defuntos ao meu lado
A rirem-se me minha existencia sem sorte.