ASAS DO TEMPO

Ah, essa vontade louca de ficar...
A vida inteira, se pudesse eu ficaria,
e a teu lado feliz eu viveria,
horas e horas, sem ver o tempo passar.

Ah, se pudesse, mas tudo me impede
e me arrasta, e me sufoca numa histeria,
que o espírito grita e o corpo cede,
prostrando-me nesta sofrida agonia:

Nas asas do tempo me faço refém,
pedaços de sonho de coisas esquecidas,
confundem-me a mente e a alma também.

Aceno um adeus e vou seguindo além;
como farrapos da vida enlouquecida,
parto e reparto e já não sou ninguém.

                     Vinhedo, 7 de março de 2008.