FIQUEI SEM NADA, MAS RESTOU-ME TUDO
Sinto-me hoje um órfão de agonia,
Viuvo sou da pútrida avareza;
Abandonado fui pela tristeza,
Nos braços benfazejos da alegria.
Passeio, nu de inveja, na avenida
Dos sonhos, com a fé e a esperança;
Faço do idoso quieto, uma criança,
Que pula, grita, ri e canta a vida.
Não quero mais desgosto em minha frente,
Quero viver meus dias mais contente,
Quero enfrentar, sem lastimar, a dor.
Por isso procurei outro caminho:
Tirei, do ódio, o derradeiro espinho
E na minh'alma só ficou o amor.
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