Punhal
Punhal-palavra vem cortando o espaço,
Voa das grades que te esconde o dono,
Perfura o peito em agudo aço,
Esvai a vítima qual cruel cambono!
Olha de onde brotou o desespero,
Desculpa a loucura que fez tais cortes,
Sabes da inutilidade do apero,
Desconfianças de todas as sortes.
Ah, a vida inteira com os olhos baços!
Agoniza a derradeira esperança,
Suspira e desata os últimos laços.
Ai, dor que sangra nos cruéis abraços!
Cambaleia e roda em fúnebre dança,
Com o amor mentira que guiou teus passos.