Soneto à Chuva que Cai
Tento observar nessa manhã o céu
Que se desfaz em pranto por fitar-me
Rompendo a negritude deste véu
Que há horas tentava amordaçar-me
Num passar inconstante, porém firme,
O Tempo apresenta-me como réu.
Já eu, sem defesa que me confirme,
Sou arrebatado sem temor ao léu
Raios vêm visitar-me toda hora
Tão sorrateiros que mal posso ver
Mas ouço os brados quando vão embora.
Meu coração dispara por querer
Adentrar neste céu, ir embora!
Mas contento-me em poder escrever.