Mal d'Amor
Que grande mal tão enleado
É este que trago impresso no peito?
— É o mal d’Amor que tanto tem feito
Os feros a teu ser desconcertado!
Mas que culpa tenho eu isentado
De experiência, sendo a erros tão sujeito?
— Culpa tens em buscar Amor perfeito
Sem ver de si apuro redobrado!
Ah, quem viver pretende d’Amores,
Em estados em si tão perfeitos
E tão descuidado em vosso abrigo:
Somente olhai a causa de minhas dores,
Que agora por experiência vos digo
Que d’Amor não há senão defeitos!