NO VELHO ENGENHO

Ao amigo- poeta MARCOS LOURES

No engenho que fumaça ao ar espalha

cegando de cinza o verde canavial,

o mármore mói, geme, a roda entalha

e dói, talvez expiando culpa d'algum mal.

Raspando, a mó rodeia e range,

expulsa da cana o espumoso mel;

parece que tem alma. adivinha e plange

o mal e a dor que breve será fel.

Pisam no barro bestas lerdas e gentis

e misturam-se bagaços e fermentos

aos cantos matinais dos bem-te-vis.

Ah! Moenda do mel do sol já posto,

álcool pra brindar bolhinhas de tormentos

na taça cristalina refletida de desgosto.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 25/02/2008
Reeditado em 15/05/2008
Código do texto: T875227