Soneto da esperança

Para Luzia Ditzz

Vou erguendo de mim e de mármore

minha solidão rasa como terra sem ti;

disformes meus sonhos com gosto de árvore

já se sonham, buscando sonhos que não cri.

Retomo um gole de nada,

vomito um resto de riso,

soterro o silêncio calada,

certeza de não-ser preciso.

Virão voar em mim falenas do distante?

Serei hóspede de minha amarga esperança

nesse negro pedaço de céu que alcança

o abismo e sepulta-me em flagrante?

Deixo a escuridão como a luz a contagia;

esperar-me-ei eternamente, exceto um dia.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 25/02/2008
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