Soneto da esperança
Para Luzia Ditzz
Vou erguendo de mim e de mármore
minha solidão rasa como terra sem ti;
disformes meus sonhos com gosto de árvore
já se sonham, buscando sonhos que não cri.
Retomo um gole de nada,
vomito um resto de riso,
soterro o silêncio calada,
certeza de não-ser preciso.
Virão voar em mim falenas do distante?
Serei hóspede de minha amarga esperança
nesse negro pedaço de céu que alcança
o abismo e sepulta-me em flagrante?
Deixo a escuridão como a luz a contagia;
esperar-me-ei eternamente, exceto um dia.