Limbo
Da lágrima, a turva beleza
Desfez-se, marmóreo meu pranto,
Levando consigo a certeza,
Deixando somente o espanto.
Num limbo ficou-me o tormento,
Sobejo do medo do amor.
Perdida num mar de lamento,
Minh’alma lavou-se em agror.
Mas resta na minha lembrança
Saudade da dor que me veio,
Lampejos da vã esperança,
Que, em parte, devora-me o seio
E, em outra matiz ou nuança,
Conduz-me de volta ao enleio.