Soneto XXXIII
Ela dormia um sono convulsivo
sob a luz vacilante de uma vela
Eu velava seu corpo, outrora lascivo
e agora lívido, sentado à uma janela
O ar era pesado, quase corrosivo
que misturado ao perfume dela
Levava-me a um tremor compulsivo
Que a lembrança hoje ainda me enregela
Era inverno, a chuva hesitava em cair
O céu carregado, turvo, rugia
Como se ameaçasse sobre a terra ruir
E a mulher, como se saída de uma orgia
repousava sobre meu leito, sem sentir
os beijos que eu dava em sua pele fria