Aos que Não Arriscaram (Ou Aos que Não Viveram)

Vende este sonho, desejo e fiasco.

Rouba este tom, reflexo e contraste.

Suborna teu parceiro, teu irmão e teu carrasco.

Segue à procura do que perdeste (ou ocultaste?)

Finge que és vitorioso — não é bom assim?

Sede aquele que não cede à sede,

e foge, talvez retardes o bem-vindo fim...

Inalcançável, te arrastas, imploras, pedes...

Estás velho, porém inteiro e sem cicatriz alguma

Aproveitaste-te dos outros sempre sem fazer alarde

E agora diverteste-te com os tropeços de quem erra, pois ruma.

Eles não carregam teu olhar despreocupado e profundo,

nem tua vida desprovida de erros e perdas. Viveste, covarde?

E não possuem teu “orgulho” (?) de sepultado-vivo que rege o mundo.