À MESMA QUARTA-FEIRA DE CINZAS*
És pó,homem, e a vil matéria impura
Em cinzas te terás tomado!
Sinta-te em vida a sepultura,
Que nada mais és — “Cadáver procriado”!
És por brevidade cinza pura,
Estátua de poeira mal formado!
Lembra-te pelo pó à cova escura
E salva teu ser mortificado!
Livra-te da mais rude vaidade
E te desfaz da mais ímpia grandeza,
Já que és pó,ao pó serás tornado!
Que és ser nesta terra,perenidade?
--- És cinza,és pó e que por natureza
“ Considera-te morto e sepultado”.