Soneto XXVIII - Carrossel
Girando, girando entorpeço meus sentidos
perdendo lentamente a razão, e em protesto
me entrego aos devaneios ébrios dos bêbados
perdido entre medos de um futuro incerto
posso ouvir agora sons de outros mundos
quando esqueço de mim e de todo resto
e me deixo levar por infindáveis segundos
para longe deste mundo triste e deserto
Caminhando pela imensidão do céu vazio
meu olhar, girando, viaja na escuridão
e flutuando meu corpo sente apenas frio
Estático, vejo um mulher, um anjo ou ilusão
lívida, levada pela correnteza de um rio
ouço ainda seus gemidos. Solidão, solidão...