Buraco Negro

Ordem cumprida: o buraco estava alerta!

O que cavei com essas mãos sujas de terra.

Minha alma, cansada como quem se encerra,

Ria-se ao olhar a cova recentemente aberta.

Apresentou-me um bandido, essa sádica vida que rejeito!

A mim que sempre a considerei tão ausente...

Ele armou-se sem pudor em minha frente,

Por causa de um carro, um relógio, jóias; ele mirou no meu peito.

Cadê a justiça da vida? Sórdida co-assassina, viu-me virando!

Fechei os olhos e prossegui “valente” caminhando,

Como se fosse qualquer outro simples domingo.

Assim, com as mãos vazias — vão-se os anéis...— à mostra,

Indefesa, decepcionada, abandonada e pega pelas costas

Vi minha cega e injusta vida se despedir, sorrindo...