Ditoso seja quem Amor contente/
Vós, que condição tão severa ostentais
Ao peito meramente magoado,
Ou que tão-somente não tenhais
Da vida mais que o prazer trocado.
Cuido que das caídas que vós dais
Não consente ser de Amor enganado,
Pois sabeis que de Amor não quero mais,
Mais que a causa dele, mais que seu estado!
Estado em que vivo esta amargura
Tenaz, imponderada e impertinente,
Que para atormentar-me não me deixa.
Ah,ditoso seja quem Amor contente!
E ditoso de vós, que não se queixa
De tão amorosa desventura!