DO MAR E DE NÓS * Brasil
Naquele tempo, o mar falava português.
Os medos ancestrais, de mórbida miragem,
a força do querer aos poucos os desfez,
com velas de ousadia e lemes de coragem.
Brancuras de noivar das ondas no convés
brindavam com iodo e sal à barca intrusa
que demandava o lado oposto das marés
e o porto que, seguro, abrigo não recusa.
Só barca, mar e céu. Os olhos dos gajeiros
na linha do horizonte intentam encontrar
o indício dos sinais sonhados verdadeiros.
Um grito de emoção ecoa sobre o mar:
Eh, terra! Terra à vista! Achámos, companheiros!
Depois de tanto mar, o porto por achar!
José-Augusto de Carvalho
10 de Fevereiro de 2008.
Viana*Évora*Portugal