DO MAR E DE NÓS * Brasil

Naquele tempo, o mar falava português.

Os medos ancestrais, de mórbida miragem,

a força do querer aos poucos os desfez,

com velas de ousadia e lemes de coragem.

Brancuras de noivar das ondas no convés

brindavam com iodo e sal à barca intrusa

que demandava o lado oposto das marés

e o porto que, seguro, abrigo não recusa.

Só barca, mar e céu. Os olhos dos gajeiros

na linha do horizonte intentam encontrar

o indício dos sinais sonhados verdadeiros.

Um grito de emoção ecoa sobre o mar:

Eh, terra! Terra à vista! Achámos, companheiros!

Depois de tanto mar, o porto por achar!

José-Augusto de Carvalho

10 de Fevereiro de 2008.

Viana*Évora*Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 12/02/2008
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T856590
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