Decrepitude
O tempo fez em mim os seus estragos:
Flor murcha, alma ferida, asa quebrada.
Eu, hoje, sem carinho e sem afagos,
Outrora, até podia ser amada.
De mim, a juventude, num crescendo,
Esvai-se em cotidiano desencanto.
Ausências, solidões se vão tecendo,
Deixando-me somente mágoa e pranto.
Segredos esquecidos e eu calada,
Janelas se fechando pro horizonte,
Mil sonhos se perdendo nessa estrada.
Minh’alma é imortal e se faz ponte,
E eu preciso aprender novas toadas,
Bem antes qu’outra vida em mim desponte.