Mandrágora

Erga-se bela flor, e floresça em um jardim.

E encha de cor o campo dos enforcados,

que pendem silenciosos, balançando lado-a-lado,

anunciando aos vermes o início do festim.

A tua pele em tons de verde e carmesim

lembra estes mortos que pagam seus pecados,

como se fossem eles mesmos reencarnados,

anunciando ao mundo que a morte não é o fim.

Mas, se alguém ousar-te fazer justiça

e arrancar-te deste solo profano,

grite, para que arrependam-se do engano

e para convocar os urubus à carniça.

Nestes campos só restam as mandrágoras que floresceram

em memória de todos que aqui morreram.