A ÚLTIMA FLOR
Meu olhar tem as órbitas vazias
como uma lua pendurada no horizonte
e te sinto improvável como uma fonte
que entrelaça o mar velando os dias.
Sinto meu olhar tão tímido e ausente
que já nem sabem mais meus olhos
se a aurora que espero romper-se-á novamente;
é meu cosmos e caos, espuma e escolhos.
Meus olhos cheios de restos de infância
estão dissolvidos nas noites do teu rosto
como uma estrela triste na poeira da distância.
Não sou mais EU; sou barro e sal, ambigüidade;
em minha boca pousará além do beijo posto
a última rubra flor no fim da mocidade.