ROSA DESBOTADA
Bem sei que nessa destroçada desarquitetura
do meu coração estão estátuas enterradas,
aqueles azulejos desdourados na cinza escura
misturados às rosas e poesias desbotadas.
E dói como a mais hermética loucura
me faz cuspir na doce rósea alvorada;
leva-me à encharcada escuridão do nada
e chove-me de areia infecta minha cura.
O teu sonhar tão perto e eu entressonho
e conto as horas no silêncio que morreu,
porque ao tempo a dor sempre se ajunta.
A esse mel que me vens à boca me oponho;
quis te dar o jardim do édem que era meu
e sobrou-te apenas esta flor defunta!