ROSA DESBOTADA

Bem sei que nessa destroçada desarquitetura

do meu coração estão estátuas enterradas,

aqueles azulejos desdourados na cinza escura

misturados às rosas e poesias desbotadas.

E dói como a mais hermética loucura

me faz cuspir na doce rósea alvorada;

leva-me à encharcada escuridão do nada

e chove-me de areia infecta minha cura.

O teu sonhar tão perto e eu entressonho

e conto as horas no silêncio que morreu,

porque ao tempo a dor sempre se ajunta.

A esse mel que me vens à boca me oponho;

quis te dar o jardim do édem que era meu

e sobrou-te apenas esta flor defunta!

Chaplin
Enviado por Chaplin em 31/01/2008
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