CALOU-ME FUNDO N'ALMA
Súbito, faltou-me a inspiração, num átimo
calou-me fundo nalma o desconsolo
Despertando do meu Olimpo, caí ao solo
e, acossado pelo nada, sou apenas desânimo
Onde a musa amada, razão de primas obras?
Onde as princesas e os medievais castelos,
as orquídeas, os roseirais, os violoncelos?
Escombros! Frustrações! Só restaram sombras
Desprovido, vagueio num universo escuro,
sem tom, onde não ouço sequer sussurro,
tateando sem rumo à guisa de errante
Como se Cláudio subjugado por Messalina,
e envenenado pela segunda esposa Agripina,
atiro-me de pronto no caos reinante