A PENA E O PÊNIS
(um soneto pornográfico)




Porque minha pena de poeta ultrapassado
Ainda insiste em me exigir mais poesia;
Em revelar-me quase sempre ensimesmado,
E abusando da pior pornografia;
 
Porque este pênis cada dia mais caduco
Ainda acata as perversões da minha mente;
A me fazer um sonetista quase eunuco,
Insatisfeito com seus versos impotentes;
 
Faço sonetos como se fizesse amor;
Procurando, a cada gozo, um novo estímulo,
Um novo encontro com meu pênis de menino.
 
Pesco palavras com um anzol masturbador;
A cada verso uma enxadada e outra minhoca
– outra punheta ao estilo troca-troca.