Fogo Branco
Havia uma noite a despontar
E um sol, no horizonte, que morria
Enquanto era engolido pelo mar
Nas águas era espelho de sangria
Via-lhe um peito todo sem queimar
Queimava só de dor e não ardia
Dum rasgo foi-se o fogo, chão e ar
Ficou só sangue em mar sem serventia
Prostrou-se ao vão, descrente, numa prancha
Tudo se lhe partia em avalancha
A empurrar-lhe as sobras pró barranco
Conquanto a noite crua se deslancha
Surgiu uma luz de prata sobre a mancha
Ardeu de novo o peito, era ouro branco
17-04-2025