Soneto do Instante Vivo
Não conte os dias – conta o que se sente,
Que o tempo é artífice de mão vazia.
Se o passo é vão, o mês se faz ausente,
Mas um segundo intenso é poesia.
Não pese o calendário – seja o agora
A chama acesa em cada amanhecer.
Que o dia valha o lume que se explora,
E não a conta fria do dever.
Que importa o tempo, se a alma não o habita?
Que vale o ontem, se o hoje não palpita?
Viver é ser presente – e não só ter.
Faz de cada manhã tua vitória:
Que o tempo te revele a tua história;
Como um instante que se aprende a merecer.