MALDITAS RUGAS BENDITAS
Há de ser intensa dor quando pesa o tempo
E brigam contra ele os moços de outrora
Que se negando o próprio amadurecimento
Escravizam-se na vaidade e não a deixam ir embora
Tantos velhos existem moços e cheios de vida
Zoando de moços tão precoces envelhecidos
Por si rejeitados abrindo n’alma horrível ferida
Que a auto-estima, sem estima os tenha esquecidos
Pelo sorriso falseado sabe-se da denúncia
Desses pobres homens sofridos, acanhados
Por não terem aprendido sobre a renúncia
Que nos pede cada tempo vivido, partido, debitado
E quem se nega na vida dela só recebe pronúncia
De um envelhecimento triste e envergonhado