Soneto da véspera

Meu corpo aguarda por mais um aniversário

e meu cabelo mais rareia e perde a cor.

Há novo tipo de remédio em meu armário

pra aliviar a inevitável nova dor.

E lá por dentro, onde já houve um visionário,

a esperança perde um tanto do furor.

Mas eis que o sonho se desdobra em plano vário,

pois fazer planos é o que toca ao sonhador.

A boemia não é mais meu habitat.

Hoje uma rede atrai mais que uma taberna.

Sim, há desejo, mas vigor é que não há.

O tempo passa e, aliás, nos passa a perna.

Mas só o corpo é que envelhece sem parar.

Minh´alma segue firme e forte.! Ela é eterna!