AO POETA HERCULANO DE ALENCAR

AO POETA HERCULANO ALENCAR

(Interação ao seu soneto BELCHIOR)

É uma cachoeira transbordando

As poesias como fossem água,

Que só de ouvi-las já me some a mágoa

Que ao redor de mim vive circulando.

Quando diz da família almoçando,

Lembro de um tempo que se faz distante.

E lágrimas me caem do semblante,

Aquelas águas ali replicando.

Minhas tias, Chiquinha e Idalina,

Como fossem uma mãe genuína,

No lugar da outra que se foi cedo.

Quando em noite escura eu tinha medo,

Era delas que vinha a proteção

Que me aquietava o coração.

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BELCHIOR

Minha mulher me chama, é hora do almoço.

A minha mão reclama um violão calado

e um poeminha torto que eu deixei de lado,

pois meu amor em chama já não é tão moço.

A minha voz declama o verso que ora ouço,

enquanto o meu almoço, a esfriar no prato,

convida o irmão mais moço, que está no retrato,

a reclamar da vida e do arroz insosso.

Meu pai na cabeceira não alcança o sal.

A minha mãe levanta, como é normal,

e pacientemente nos serve a comida.

Eu ponho na vitrola um velho Belchior,

apanho o violão, afino em dó maior

e toco "à palo seco", ou coisa parecida.

Herculano Alencar

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 31/03/2025
Reeditado em 31/03/2025
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