O CÁRCERE DAS HORAS
As horas astutas, frias, a sorrir,
Nos prendem em seus laços a girar.
Não há como fugir nem resistir,
Só resta a nós prisioneiros oscilar.
O relógio, carcereiro sem pudor,
Avança em passos duros, sem moleza.
Não tem clemência, não conhece amor,
Só sabe se nutrir da nossa fraqueza.
Como carrasco implacável e cruel,
Judia do mortal que a vida estende.
E do amanhã, do ontem é dono fiel,
Tudo o que começou, um dia acaba.
E assim, na roda viva desse véu,
Vivemos escravos do tempo sem céu.