Reflexão diante deste espelho

Sempre a passo, todo esse tempo passa,
e a demência ameaça o corpo lasso...
Passa lento e nos despedaça
em estilhaços que não refaço...

A memória se atrapalha, esbarra,
borra, nas coisas mais simples que faço...
E viver já não é mais uma farra,
e o meu, e o seu tempo, perde espaço...

Os meus versos são nervos doídos...
O meu ar, rarefeito, me faz viver
pelo avesso: tudo é dolorido...

O tempo é curto, pois, passou enfim...
Vivo a solidão da idade sentindo
que a chama, aos poucos, se apaga sim...