PEQUENEZAS

PEQUENEZAS

No poste um joão-de-barro que argamassa

As paredes da casa onde seu ninho

Faz cobrir, de pouquinho com pouquinho,

Até que a rude abóbada s’espaça.

Nas alturas, vivendo sem vizinho,

Vê o povo indo e vindo pela praça,

Enquanto atarefado a tarde passa

Com seu mínimo lar de passarinho.

Embora parecesse quase nada,

Já era alguma coisa aquilo tudo:

Acompanhei-lhe as obras da morada.

E quando dou por mim, o olhar desnudo

Não me contém a lágrima furtada

À ânsia d’um passarinho tão miúdo.

Betim - 24 03 2025