DIVINA CHUVA
Na infância, quando a chuva acena à porta,
Você calçava as botas, és um ser brincante,
Salta em poças, espelhos que transporta,
Risos de um tempo leve e radiante.
As gotas divinas, em segredo, aportam
No campo adormecido, sulco urgente
Sementes despertam, raízes confortam,
Bênção que irriga o seio da semente.
Represas se enchem, rios líquido corrente.
Água que escava entranhas, léguas tantas,
Nas veias da terra, um sangue transparente.
Nascem raízes, enchem copos, fontes abertas.
E assim, no ciclo, a vida se renova
Sobre a terra seca há nuvens encobertas.