Vida destinada em vao *
Destinada tenho esta vida minha
Por sofrer o fardo e penoso engano,
Porque cresça-me mais o mal tirano
Desta pena tão áspera e tão mesquinha!
Pois, o bem, que tão pouco me convinha,
Mas que elevava um já fraco humano,
Fez-se do seu dano meu eterno dano
Para que sofra mais o mal que tinha!
E, assim, que co’um mal cresce-me outro mal,
Cujo a razão Amor tanto obriga,
Entendendo vou o desconcerto tal:
Ó tu, que no peito Amor cego abriga,
É por via que (lhes) dou tal aval:
_Que Amor a tudo agrava e não mitiga.