CORRENTEZA

Em torrente veloz, o Tempo avança,

E arrasta, em seu curso, o sonho humano:

Na voragem que afoga o desengano,

Meus dias se perdem na distância.

Olhos cansados, a clamar em vão

Pela margem feliz que o olhar não vê,

Braço o rio, em fúria, com ímpeto, crê,

Em busca de um porto sem nome ou razão.

Eis que, no meio do rio, a mente indaga

Se o que busquei, talvez, jazia atrás:

Um lívido esplendor na praia abandonada…..

Mas o fluxo não cede; impiedoso e largo,

E o passado, qual Letes, apaga a paz.

Sigo, mármore talhado, último fardo.