Soneto XIV

Os pingos de uma nuvem se apagam

no véu cinza tingido pela sua mão

tendo para a mente só a vã ilusão

tempos perdidos que hoje liquidam.

Na carne fria que um dia foi aquecida

deleitou-se um sonoro relembrar

pelas lágrimas densas nunca permitidas

ecoaram-se as vozes para então passar.

Permeando-se o líquido em que se veste

na membrana fina que agora te fez lembrar

dos cortejos simbólicos criados que fizestes

pelo tempo, acreditou-se, que irão se apagar

cobrindo os espinhos com o terno preto

sem sequer ter tido o direito de chorar.

Barreto Santos
Enviado por Barreto Santos em 23/03/2025
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