Soneto XIV
Os pingos de uma nuvem se apagam
no véu cinza tingido pela sua mão
tendo para a mente só a vã ilusão
tempos perdidos que hoje liquidam.
Na carne fria que um dia foi aquecida
deleitou-se um sonoro relembrar
pelas lágrimas densas nunca permitidas
ecoaram-se as vozes para então passar.
Permeando-se o líquido em que se veste
na membrana fina que agora te fez lembrar
dos cortejos simbólicos criados que fizestes
pelo tempo, acreditou-se, que irão se apagar
cobrindo os espinhos com o terno preto
sem sequer ter tido o direito de chorar.