Lamas de março
As chuvas de verão tão indo embora,
Deixando um rastro enorme pelo chão:
Acordes de Jobim, promessa em vão,
Que diz que a natureza também chora.
Um pedaço de pau, feito pião,
A rodar pela tampa dum bueiro;
Uma lata de lixo, um mau cheiro,
Um corisco seguido de trovão.
São as lamas de março do outono
A sujar, como fosse cão sem dono,
Uma pedra no meio do caminho.
A pedra que Drummond deu pra Jobim,
E que um certo alguém jogou em mim,
Pensando que eu fosse um passarinho.