NAVEGAR EM ÁGUAS REPRESADAS
Feito monge, imerso em meditação,
A definhar a essência lentamente,
Sem uma chama viva comovente
Que justifique a minha criação.
Se navegar é o que o mar consente
E o rochedo oferece correção,
Cumpre-se albergar o que está à frente
e dissolver o que causa tensão.
Distração trazida pelo emissário
De versos tingidos de sofrimento
Vai-se a inspiração nesse breviário
Que se produz em tal pertencimento
E cultiva o talento libertário
preso à forma fixa do lamento.