ESKHATOSPOIESIS
Ao ver-se em verso roto, frente a um velho espelho
Palavras invertidas de uns trocadilhos cegos.
O poeta desconversa, olha o cruel novelo:
Visões sentidas, culpadas, em tantos desapegos.
E na atroz ilusão do poema inacabado
Poesia engarrafada deixando de florir.
A ausência de tons o deixa inerte, abalado
Pela música sem os sons de seu negro porvir.
Ah, quanta vil quimera, nesta cantilena audível
Sensações mornas e dúbias de extenso velório
Em que o doce fim do poema é morte plausível.
Em busca da Beleza, todo o farto falatório
Tornou-se em línguas mortas, ocas e obsoletas:
Corpos poéticos largados em vis canaletas.
Josué Ebenézer – Nova Friburgo,
21/03/2025 (11:42).