O Corpo e a Dor

Quando a dor vem de repente e nos consome,

as células encolhem num triste alento.

Gemem baixinho, frágeis no tormento,

pois tudo nelas sofre e perde o nome.

Estremecem na sombra que as oprime,

num pranto mudo em súplica perdida.

Conectam-se em dança dolorida,

no eco aflito que no peito imprime.

Guardam em si memórias e segredos,

anseiam vida, amor e luz suprema,

mas são reféns de angústias e de medos.

E só renascem livres desse tema,

se o coração pulsar por outros credos,

onde o amor dissolva a dor extrema.