Soneto Solitario

Ele, que no brío da mocidade,

sonha mil amores impossíveis

cujos corpos, belos e intangíveis

jazem longe ao acaso da vontade!

Ah, mas que inútil barreira é a ausência

ante a força dos sonhos no espaço

da mente, das fibras e do braço

que, tal poeta a compor, vai em cadência

ritmando as imagens poderosas

com as cores mais vivas, voluptuosas

com as musas inspirando sua caneta!

E, desperto do labor inebriante,

ele limpa sua mão com alvejante

E elimina os resquícios da punheta!