Esquivo amor
Das cores que vejo na imagem que toco,
Do tom dos sons que sinto e não ouço,
Tua mão, nua, tange-me o arcabouço
E, além da alma, rouba-me o foco!
Confunde-me teu corpo, onde estoco
Meus sabores mais fundos; cálcio d'osso!
És vampira que morde-me o pescoço;
És vestimenta que ponho e não troco!
A quimera que, outrora, irrelevava,
Agora, oh, senhora!, muito perturba,
Posto imagem lúgubre e imaculada!
Minha mão no coração meu é a clava
Que anuncia teu andar em meio à turba
E acorda-me da utopia ora dada!