ROSA 612

Ó vastidão cósmica, tecido etéreo,

Que teces fios de luz e sombra à sorte,

Como viver sem sonhos, num deserto,

Onde a alma se perde e busca o norte?

Se os astros são palavras não escritas,

E o tempo, um rio que se dobra em espelho,

Como seguir sem bússola, sem mitos,

Neste labirinto de infinito e vermelho?

Os sonhos são sementes de outro no mundo,

Raízes que atravessam a carne e o véu,

Sem eles, o que resta? Um profundo céu,

Vazio de estrelas, mudo, paralelo.

Universo, responde: é possível ser

Sem sonhar, ou o sonho é o próprio viver?