Sentença do Silêncio

Quando o silêncio for nossa sentença,

É sinal que o grito foi dilacerado.

Sangra na alma ferida tão intensa,

Deixa o vazio ruim e frustrado.

Se outrora bradava com fé e ardência,

Hoje se esvai na mudez do passado.

Só resta o vestígio mau da ausência,

No véu da noite, tão frio e calado.

Se a voz se perdeu na estrada sombria,

E a vida impôs seu julgo tão cruel,

Ainda persiste a chama tardia.

Maculado em sangue, febril, sob fel,

Mesmo em trevas, sem luz e sem dia,

O espírito ruge... e cospe seu mel!

FERNANDES, Osmar Soares. Sentença do Silêncio. Recanto das Letras, 23 fev. 2025. Disponível em:< https://www.recantodasletras.com.br/sonetos/8271210. Acesso em:> 23 fev. 2025.