O CARTEIRO E O POETA
A poesia que de mim transborda, pura,
Organizada, como soneto se emoldura.
Letras, palavras hospedadas no papel,
Entregue pelo carteiro, meu amigo fiel.
São todos meus poemas seus, que não apeteces,
Páginas carregadas de amor e dor, que desconheces,
Amor meu que você ignora, não compartilha,
Dor minha que o amor fatalmente armadilha.
Pegando o papel, você estará me tocando,
Lendo as palavras, você estará me olhando,
Ao findar, morrerei mais uma vez de amor.
Entre nossos corpos, apenas o estafeta a nos opor.
Entre nossos corações, meu amor não correspondido,
Entre nossas almas, estarei para sempre contigo.