DÉBITO E CRÉDITO.
Do labor viva, e se apresse,
Em não dever a ninguém.
Esta palavra é uma prece
Do afeto, do querer bem!
Seja forte, independente,
Mas pague o bem recebido.
Para ser justo e decente
Seja sempre agradecido.
O amor que está em meu peito,
No teu e de toda gente,
Diz obrigado ao bem feito...
Eis, não se arrogue em credor,
Do amigo, que, diligente,
Paga o favor em favor
II
Nunca faça tempestade
De um vento um pouco mais forte.
Nem busque, amigo, suporte,
No meu erro, por maldade.
Não me saia chantagista
Com simples feições de santo.
Pois, recolhido ao meu canto,
Posso um dia entrar na pista...
Seja mais nobre a cobrança
E veja bem que na dança,
Também deve o seu quinhão,
Ore ao espírito santo
Não avance assim, nem tanto,
Não entre na contramão.
III
Badala o sino… Badala,
Por meu amor que morreu...
- Ele não morre, nem eu,
Porque o sino propala.
O povo fala que fala,
Que alguém ouviu, alguém leu,
Meu amor nem bem nasceu,
Desceu ao fundo da vala...
- Que falem! Me arvoro eu,
E afirmo vive, e viveu
Os seus momentos de gala!
O meu sonho não morreu!
Nem bala, gente, nem bala,
Mata-me o sonho, não o cala...
14-12-07.