DE QUE ADIANTA?
Às vezes, buscando no meu ser, pergunto
o que sou, para onde irei, o que terei sido;
se não bastasse o meu cérebro bestunto
interroga se não foi estupidez eu ter nascido...
Nessa contradição, o meu encéfalo dividido
entre o nascer e o morrer, fica ainda junto
ao meu antepassado vermiforme apodrecido,
que só na escala dos grunhidos era assunto.
Hoje, na minha caixa encefálica indefesa,
tombado no caos extremo do passado
sou um pedestal sustentando uma descrença.
De que adianta ver a Luz acesa
a derramar o tão sublime Amor divinizado,
se em mim o templo da angústia se condensa?