DE QUE ADIANTA?

Às vezes, buscando no meu ser, pergunto

o que sou, para onde irei, o que terei sido;

se não bastasse o meu cérebro bestunto

interroga se não foi estupidez eu ter nascido...

Nessa contradição, o meu encéfalo dividido

entre o nascer e o morrer, fica ainda junto

ao meu antepassado vermiforme apodrecido,

que só na escala dos grunhidos era assunto.

Hoje, na minha caixa encefálica indefesa,

tombado no caos extremo do passado

sou um pedestal sustentando uma descrença.

De que adianta ver a Luz acesa

a derramar o tão sublime Amor divinizado,

se em mim o templo da angústia se condensa?

Chaplin
Enviado por Chaplin em 18/01/2008
Código do texto: T823170